A paisagem de São Paulo sussurra um paradoxo: mais de 500.000 espaços silenciosos contrapostos a mais de 60.000 vidas em situação de rua. Esta pesquisa artística mergulha nessa fratura urbana, não para apenas mapear o abandono e as ruínas contemporâneas, mas para investigar as potências que nela residem. O projeto se desdobra em intervenções que buscam reconfigurar a experiência do arruinamento em experiência estética. 



Projeções mapeadas vestem as ruínas com novas memórias; um banco de dados colaborativo tece narrativas coletivas; diálogos e escutas ativas dão voz ao que foi silenciado. Trata-se de uma disputa pelo sensível. Uma tentativa de deslocar o olhar viciado sobre o abandono, transformando-o de um símbolo de fracasso em um convite à reinvenção. Mais que um estudo social, Imaginários do Abandono é uma prática que explora o poder da comunicação e da estética para gerar efeitos políticos, acreditando que em cada espaço esquecido pulsam ecologias, saberes e caminhos para uma nova imaginação da cidade.